Gosto muito do Orkut. Ultimamente tenho andado menos tempo no site de relacionamento, porém, em dias idos, era ali o lugar onde minhas reflexões se tornavam públicas; e também onde travei inúmeros debates sobre os mais variados temas teológicos, e até mesmo políticos – ferrenho inimigo que sou do comunismo e de suas principais vertentes socialistas, criei alguns desafetos com gente ligada ao PT, Governo Lula, MST, e por aí vai…
Um dia desses, surfando ‘de bobeira’ pela página que lista as comunidades das quais sou membro, me deparei com um nome bem sugestivo, e do qual não mais recordava: “Pentecostal Decente”. Não pude deixar de rir com meus botões ao me dar conta da mensagem subliminar por trás da nomenclatura. Quem idealizou a comunidade, e provavelmente todos que a ela se filiaram, assumem que há algo de errado no atual uso do termo “pentecostal”; sim, de outra forma a escolha do título não faria o menor sentido.
A expressão ‘pentecostal decente’, nos fala que há pentecostais indecentes, seja lá qual for o critério que cada um utiliza para tal conclusão. E eu posso imaginar, e ser solidário, com vários possíveis critérios.
Existe um pentecostalismo indecente que transforma manias culturais em dogmas de fé. Foi dentro de um pentecostalismo assim que eu fui criado. Trata-se de uma religião de culpa e medo, que domina a consciência das pessoas por meio do legalismo religioso. Não pretendo descrever os abusos espirituais que presenciei, até porque, todas as vezes que tendei comentar o assunto, muitos imaginaram que eu estava apenas sendo rancoroso. O caso é que este tipo de pentecostalismo, ou melhor, de religião indecente, causa grandes prejuízos emocionais e culturais para a sociedade como um todo. E como toda falsa religião, deve ser sumariamente combatido. Existe um pentecostalismo indecente que transforma a defesa da fé em sectarismo religioso. Você sabia que muitos pentecostais não interagem com cristãos de outras confissões? Do mesmo modo que muitos fundamentalistas consideram os demais cristãos como apostatas; alguns pentecostais pretendem fazer crer que o resto da cristandade não possui o Espírito Santo, a salvação, a santidade… Por incrível que pareça, existem ministérios dentro das Assembléia de Deus – só para dar um exemplo – que não interagem com outros ministérios dentro da própria Assembléia de Deus, mesmo que os dois pertençam à mesma convenção nacional! Talvez elas tenham bons motivos para o sectarismo, como por exemplo, uma aceita o uso de brincos, e a outra não…
Existe um pentecostalismo indecente que converte a experiência pentecostal em misticismo antibíblico, e portanto, irracional. E aqui eu incluo todas as vertentes pseudopentecostais que mistificaram rituais, pessoas, objetos, campanhas, frases… O leitor certamente conhece alguém que segue a cartilha mística. Pode ser aquele seu vizinho que colou na porta de casa o diploma de dizimista; ou o pessoal da casa da frente que antes de viajar nunca deixa de ouvir “uma palavra de Deus” com a profetisa da rua de cima, e assim por diante. Existe um pentecostalismo indecente que convence os incautos de que o conhecimento bíblico pode ser perigoso. Esta é uma das formas mais blasfemas de falsa religião, e está intimamente ligada ao misticismo do qual falamos no parágrafo anterior. Neste pecado caem até mesmo diversos ministros do pentecostalismo clássico, que mesmo combativos aos misticismos da moda, não resistem a clichês do tipo: “Hoje não vim falar de teologia com vocês, eu vim lhes trazer uma mensagem do céu”. Toda vez que ouço alguém falando coisas assim, e normalmente estão sobre o púlpito quanto assim procedem, tenho vontade de vomitar. Uma pessoa, ou instituição, que se acha no direito de desdenhar o conhecimento de Deus que se adquire por meio de Sua Palavra, não é digna de ser chamada de cristã. Existe um pentecostalismo indecente que alugou seus púlpitos como barraquinha de votos. Não sou contra política, muito pelo contrário. Sou, aliás, da opinião de que boa parte dos ministros brasileiros é politicamente covarde, e vendida a qualquer um que esteja no Governo. E é exatamente por tal covardia, aliada a um crescente mercantilismo, que muitos líderes oferecem suas ovelhas aos lobos de gravata. Não sou profeta, mas posso perfeitamente prever o que acontecerá no ano que vem, e nos anos que virão: muitos candidatos sendo convidados a sentarem no púlpito, enquanto recebem orações, elogios e agradecimentos!
A Igreja deve se envolver com política? Deve, ou melhor, tem obrigação de fazê-lo! Mas, é aqui que mora o problema: a maioria dos ministros evangélicos, incluindo pentecostais, não faz política, faz negócio…
Existe um pentecostalismo indecente que gerou a consagração por nepotismo. Como muitos líderes pentecostais, e pseudopentecostais, imaginam que são os coronéis deste ou daquele ministério, nada mais natural que lutem para perpetuar a herança familiar! Nada mais justo, não é mesmo? E é aqui que entra o nepotismo ministerial… Não importa se o rapaz esteve até ontem fora da Igreja, freqüentando motéis, bordeis e orgias mil – o que importa é que hoje ele foi ‘escolhido’ pelo Senhor para assumir alguma liderança da Igreja. E, temos visto, não é incomum, que algum ‘profeta’ valide a decisão, com alguma oportuna ‘mensagem do céu’…
Filho de pastor pode ser pastor? Pode, é perfeitamente possível. Filho de pastor é pastor? Não, é peixe, e na peixada pode garantir seu lugar ao sol, mas não é por consangüinidade pastor. Existe um pentecostalismo indecente que substituiu a experiência carismática por técnicas de manipulação. Constate isso visitando alguns congressos famosos, sempre prestigiados por grandes (sic) e também famosos pregadores… Observem que boa parte dos pregadores não se contenta mais em falar de Cristo, e nem de gritar sobre Cristo! Agora eles têm descoberto uma nova, e muito mais rentável vocação: animadores de auditório. Algumas vezes eu fico cansado só de ver as pessoas obedecerem a determinados pregadores. Levante, sente, bata palma, fale com o vizinho, abrace o da frente, feche a mão, abra a mão, estenda a mão, recolha a mão, grite, feche os olhos, veja o anjo, veja a tocha, bata o pé, pise no Encardido, dê um salto, repita comigo, mais alto, repita novamente… Ufa!
Aqui entre nós: – diversas vezes fico duplamente constrangido, por mim, e por alguns pregadores. Mas, qual minha culpa se eles acham que tenho obrigação de obedecer as suas macaquices? Não senhores; não tenho tal obrigação! Tenho obrigação e gosto em ouvir a Palavra de Deus, mas não de ficar participando de técnicas motivacionais. Por isso, já deixo o meu aviso: nunca se dirijam a mim solicitando algum malabarismo, eu não farei; os únicos ‘exercícios físicos’ que faço na Igreja são: ajoelhar ao entrar no templo, caminhar para o púlpito quando é o caso, colocar-me em pé para as intercessões, levar a mão ao bolso para a oferta (e só quando tenho), levantar-me para a Leitura, e estender a mão para a Benção Apostólica. Não é confortável falar sobre o erro que vemos diante de nós, até porque estou certo que todos desejamos uma Igreja fiel e comprometida com a Palavra do Senhor. Criticar é sempre uma tarefa dolorida. Ouvi alguém dizer que quando criticamos alguma coisa na Igreja, devemos sempre ter em mente que ela é a Noiva de Cristo, e que nenhum esposo aceitaria afrontas contra a sua Amada; de modo que o único modo de criticar a Igreja é com lágrimas nos olhos…
E, não poderia ser diferente, são lágrimas que nos assaltam a alma todas as vezes que estes erros se apresentam, e todas as vezes que se fazem combater. Que nenhum critica seja dirigida ao povo de Deus, como se falássemos de uma coisa qualquer, antes, na certeza de que o Senhor “corrige o que ama; e açoita a qualquer que recebe por filho” (Hebreus 12.6).
Veja igreja, nós não estamos só...
Fonte: Olhar Reformado
Marcelo Lemos
Por Pastor José Carlos Windt
Comunidade Evangélica em Vila Nova Cachoeirinha
Só um momento. Ajoelhar, levantar as mãos, Interceder,isto não fazemos, esses rituais não pertence a Igreja. Portanto existem diferenças entre nós e eles.
ResponderExcluirMaurício Fachini
("Por isso, já deixo o meu aviso: nunca se dirijam a mim solicitando algum malabarismo, eu não farei; os únicos ‘exercícios físicos’ que faço na Igreja são: ajoelhar ao entrar no templo, caminhar para o púlpito quando é o caso, colocar-me em pé para as intercessões, levar a mão ao bolso para a oferta (e só quando tenho), levantar-me para a Leitura, e estender a mão para a Benção Apostólica") essa declaração é brincadeira né.
ResponderExcluirIsso realmente nós não fazemos, por isso talvez a indignação de alguns, mas já fizemos, aprendemos no entanto que não trata-se de práticas ou rituais para adorarmos, e sim "adorarmos em espírito e verdade", contudo a palavra nos diz: "onde está o espírito do Senhor, aí há liberdade" 2 cor 3,17.
ResponderExcluirSó sei que, se não deixarmos de praticar esses rituais pela liberdade que o entendimento da palavra vai exercendo em nós, e quisermos arrancar como imposição de mais uma regra, nos tornamos iguais aos que praticam sem entendimento, sem difernça nenhuma!
Isso é sinal que realmente não estamos sozinhos, a "palavra" pode alcançar e libertar a muitos, e limpar homem de toda religiosidade assim como nos limpou!